Entenda por que “Direitos Humanos” não são uma pauta de esquerda

Entenda por que “Direitos Humanos” não são uma pauta de esquerda

À medida que nos aproximamos das eleições, o clima político fica acirrado e temas sensíveis como os Direitos Humanos e diversidade frequentemente se tornam objeto de polarização.

À medida que nos aproximamos das eleições municipais, o clima político tende a se acirrar, e temas sensíveis como os direitos humanos frequentemente se tornam objeto de polarização. É comum associar a defesa dos direitos humanos a uma agenda de esquerda. Porém, essa percepção é não apenas equivocada, como também perigosa para a construção de uma sociedade verdadeiramente democrática e inclusiva. 

Direitos humanos não são propriedade de uma ideologia política, mas sim um conjunto de garantias universais que devem ser defendidas por todas as pessoas, independentemente de orientação política.

A Universalidade dos Direitos Humanos

Os direitos humanos são, por definição, universais. Eles estão consagrados em documentos internacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1948, os Pactos Internacionais sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e sobre Direitos Civis e Políticos, e diversos tratados internacionais.

Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos, sem distinção de raça, sexo, nacionalidade, etnia, língua, religião ou qualquer outra condição.

A defesa dos direitos humanos não é apenas uma responsabilidade de um grupo ou partido político, mas de toda a sociedade. Quando os direitos humanos são violados, todos sofremos as consequências. A promoção desses direitos é fundamental para garantir a dignidade, a liberdade e a igualdade de todos os cidadãos, e isso independe de qualquer filiação ideológica.

O Caso da candidata de Assú: uma lição importante

Para ilustrar a importância de se entender os direitos humanos como uma pauta suprapartidária, podemos analisar o recente caso da candidata à prefeitura de Assú, uma cidade no interior do Rio Grande do Norte. A candidata, que é filiada ao partido União Brasil, de orientação de direita, possui deficiência visual e foi alvo de comentários capacitistas durante sua campanha.

Esse caso é emblemático porque demonstra como a violação dos direitos humanos, neste caso sob a forma de capacitismo, pode ocorrer contra qualquer pessoa, independentemente de sua filiação política. A candidata foi alvo de preconceito não por suas ideias ou propostas, mas por sua condição física, o que representa uma violação clara de seus direitos enquanto ser humano.

Esse exemplo nos lembra que a luta contra o preconceito, a discriminação e a violência é uma responsabilidade de todos nós, independentemente de ideologias políticas. Defensores dos direitos humanos devem estar atentos e prontos para agir contra qualquer forma de injustiça, seja ela dirigida contra indivíduos de esquerda, direita ou qualquer outra orientação.

A Importância dos dados e da História

A história nos mostra que a defesa dos direitos humanos tem sido uma prioridade para governos e organizações de diferentes espectros políticos. Após a Segunda Guerra Mundial, foi a união de nações com diferentes ideologias que permitiu a criação das Nações Unidas e a elaboração da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Esse esforço global não era, e não poderia ser, uma exclusividade de um lado político.

Dados contemporâneos reforçam essa perspectiva. Estudos mostram que a promoção dos direitos humanos é essencial para o desenvolvimento social e econômico sustentável. Países que respeitam os direitos humanos tendem a ser mais estáveis, prósperos e menos propensos a conflitos internos. Além disso, a violação desses direitos frequentemente resulta em crises humanitárias que afetam a todas as pessoas, sem distinção.

Então, por que a associação de pautas de diversidade e direitos humanos a posicionamentos de esquerda?

Porque muitas lutas por direitos civis, igualdade e justiça social foram lideradas por movimentos que se alinharam historicamente à esquerda política. Movimentos pelos direitos das mulheres, pelos direitos civis nos Estados Unidos, pelos direitos LGBTQIAPN+ e pelos direitos trabalhistas, por exemplo, muitas vezes surgiram ou ganharam força em ambientes políticos de esquerda, que defendiam mudanças sociais, igualdade e justiça redistributiva. 

A esquerda política, em sua essência, tende a defender políticas que promovem a igualdade social, econômica e política. Isso inclui a proteção e promoção dos direitos humanos e das diversas identidades sociais. A direita, por outro lado, é frequentemente associada a uma defesa de tradições, ordem social e econômica estabelecida, e uma visão mais conservadora sobre mudanças sociais rápidas.

Com o tempo, a defesa dos direitos humanos e da diversidade foi politicamente apropriada por partidos e movimentos de esquerda como parte de suas plataformas eleitorais. Essa apropriação reforçou a percepção de que essas pautas pertencem exclusivamente à esquerda, mesmo que, em teoria, os direitos humanos devam transcender divisões políticas.

A maneira como a mídia e os discursos políticos tratam esses temas também contribui para essa associação. Narrativas que enfatizam a diversidade como uma questão progressista ou de esquerda podem obscurecer a universalidade dos direitos humanos, levando a uma polarização maior.

Conclusão: Direitos Humanos são indispensáveis

Em tempos de polarização, é mais importante do que nunca reconhecer que os direitos humanos são uma pauta de todas as pessoas. Não se trata de uma bandeira a ser levantada por um único grupo, mas de um compromisso com a dignidade, a liberdade e a igualdade.

“A democracia requer participação política, diálogo e interação pública, conferindo o direito à voz aos grupos mais vulneráveis”,

afirmou o economista e filósofo Amartya Sen.

Como sociedade, devemos nos unir na defesa desses direitos, especialmente durante o período eleitoral, quando a tentação de explorar divisões pode ser grande.

A candidatura em Assú nos lembra que a luta contra a discriminação e o preconceito deve ser contínua e coletiva. Defender os direitos humanos não é apenas uma questão de ideologia, mas de humanidade. Ao longo desta campanha eleitoral, e em todas as futuras, que possamos nos lembrar de que a dignidade humana não pertence a um partido ou movimento, mas a cada um de nós. E é nossa responsabilidade, como cidadãos, garantir que esses direitos sejam protegidos e promovidos, independentemente das nossas diferenças políticas.

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