PCD: Algoritmo X Pessoas – O que as empresas querem?

PCD: Algoritmo X Pessoas – O que as empresas querem?

O uso da terminologia correta nos nomes de programas e campanhas de inclusão diz muito sobre a atitude inclusiva das empresas.

Você já deve ter nos ouvido dizer para evitar o uso da sigla PCD quando se tratam de pessoas. Pois é, essa é apenas uma das escolhas do programa de inclusão e diz muito sobre o real desejo de incluir. Mas em terra de algoritmos, que buscam termos sintéticos, curtos e até mesmo grudentos, nem sempre é possível evitar a sigla. Mas nunca é demais lembrar “quem é mesmo que manda em quem?”.

Enquanto organizações se concentram em otimizar processos por meio de algoritmos, é essencial lembrar que o capital humano continua a ser uma força vital para o sucesso. Esse é um ponto, particularmente, crucial quando se trata da contratação de pessoas com deficiência, grupo frequentemente marginalizado no mercado de trabalho.

Não use como adjetivo

Algumas pessoas usam a sigla PCD para se referir às pessoas com deficiência. Se você faz isso, o nosso primeiro alerta é nunca use PCD como adjetivo. Mas por que? Porque é gramaticalmente errado e não faz nenhum sentido.  Ao invés de usar candidato ou candidata PCD, por exemplo, use candidato ou candidata com deficiência. 

De forma geral, sempre que possível, evite usar a sigla quando se tratam de pessoas. A pessoa vem antes da deficiência, que é uma característica ou adjetivo dela. O conceito people-first foi um dos importantes avanços da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência na ONU. Nosso papel como pessoas aliadas à inclusão é defender e propagar a ideia para que mais pessoas compreendam o verdadeiro valor da inclusão.

Fuja dos vieses

Se você está desenhando um programa de inclusão de pessoas com deficiência não se esqueça da importância da terminologia. Para ajudar, destacamos alguns vieses para você passar longe no momento de nomear e planejar o programa:

  • Vieses de estereótipos: evite generalizações e suposições baseadas em estereótipos sobre as habilidades e capacidades das pessoas com deficiência. 
  • Protecionismo: não vá para a linha da pessoa coitadinha. A perspectiva de compaixão ou piedade não é nem um pouco inclusiva. 
  • Capacitismo: confira se os termos e ações não desvalorizam a capacidade e competência das pessoas com deficiência
  • Exclusão involuntária: certifique-se de que as ideias não estão segregando as pessoas com deficiência ou pessoas com algum tipo de deficiência específico.
  • Tokenismo: evite incluir só para passar uma (falsa) imagem de empresa inclusiva, sem uma cultura genuína de inclusão. 
  • Ignorância: busque e respeite a opinião das pessoas com deficiência e pessoas que têm conhecimento no assunto ao desenvolver políticas e programas de inclusão. 

O conceito evolui e os termos também

O uso da terminologia correta não é um preciosismo ou chatice de militante, mas uma forma de evoluir no discurso junto com o conceito de deficiência. Quando reproduzimos verbalmente da maneira correta, o conceito fica mais claro para qualquer pessoa. Por isso, procure usar as expressões corretas em seu ambiente de trabalho com colegas com e sem deficiência.

Tem dúvidas sobre a linguagem inclusiva? Não sabe o que fazer para incluir as pessoas com deficiência em sua empresa? Fale com a equipe causadora. Há anos desenvolvemos projetos de inclusão e estamos aqui para ajudar você. 

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