O modelo biopsicossocial da CIF (OMS)

O modelo biopsicossocial da CIF (OMS)

No assunto da vez em nossa coluna é o modelo biopsicossocial. Muitos já ouviram falar dele e que tem papel central na evolução de conceitos como inclusão, acessibilidade, funcionalidade e incapacidade.

 Para contextualizar, antes de apresentar o modelo da CIF (Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde), vamos fazer um breve resgate sobre o modelo médico e o modelo social.

Modelo médico

De maneira bem resumida, o modelo médico é um modelo centrado nas questões de saúde, que considera a incapacidade como um problema provocado pela deficiência da pessoa. Nele, a necessidade de atendimento e reabilitação são questão principal, com o objetivo de “curar” a pessoa, ou o mais próximo disso. Também chamamos de modelo da “normalização”.

Modelo social

Já o modelo social tem um enfoque maior para a comunidade e para o ambiente social. Ele compreende a deficiência como uma característica, sendo a incapacidade associada à falta de recursos de acessibilidade no ambiente onde a pessoa vive. Desta forma, não atribui a incapacidade à pessoa, mas a considera uma responsabilidade coletiva. As intervenções demandam uma ação social, e dependem de diversas dimensões para inclusão, que vão além das questões de saúde.

Abordagem “biopsicossocial”

CIF está baseada na integração dos dois modelos tendo como resultado uma abordagem “biopsicossocial”, que considera uma perspectiva biológica, individual e social. Apesar de serem modelos opostos, na ótica da CIF são também complementares, por isso a abordagem deve ser biopsicossocial.

O modelo (figura 1) da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde tem portanto uma abordagem de múltiplas perspectivas com um processo interativo e evolutivo. É o chamado modelo multidimensional.

Fluxograma da CIF representado por ícones

A multidimensionalidade é fundamental para a compreensão do conjunto de questões que interferem na vida de uma pessoa. O contexto em que a pessoa vive é altamente relevante, pois os fatores ambientais e pessoais interagem com as atividades e a participação. Logo, se um ambiente é acessível ou inacessível, se disponibiliza ou não tecnologia assistiva, se as atitudes das pessoas são positivas ou negativas, e se sistemas, normas e leis estimulam uma sociedade inclusiva ou não, esses são fatores ambientais que interferem na funcionalidade da pessoa e precisam ser ajustados.

Com isso, reforçamos novamente a nossa certeza de que as barreiras que os ambientes sociais possuem são muito mais limitantes à participação social de uma pessoa do que a sua deficiência.

Esse artigo faz parte dos estudos relacionados ao projeto Job4All da Santa Causa para uso da CIF para avaliação de candidatos com deficiência e posições de trabalho em empresas, com apoio da FAPESP, por meio do PIPE (programa de Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas).

Fonte: OMS. CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde. 1ª ed., 2ª reimpr. atual. – São Paulo: Edusp 2015.

Fonte:

Artigo de autoria da equipe causadora (Aline Morais e Rafael Públio) originalmente publicado no portal Vida Mais Livre

Leia também
https://atitudeinclusiva.com.br/2019/10/23/mapeamento-de-cargos-sua-importancia-na-inclusao-de-profissionais-com-deficiencia/