No dia do rock resolvemos falar sobre diversidade, tema muitas vezes negligenciado na seleção de artistas e bandas. Viva o Rock!
O rock é um gênero musical que se tornou um dos movimentos mais influentes do século XX, geralmente associado a uma cultura irreverente, de rebeldia e independência. No entanto, apesar desse seu espírito de liberdade, as pessoas negras, com deficiência, LGBTQIA+ e mulheres ficam em segundo plano nessa história.
Você concorda ou acha que não é bem assim?
Bom, vamos ver como mecanismo de buscas, como o Google, retornaram nossa pesquisa sobre o tema. Perguntamos:
- “Quais as 100 melhores bandas de rock de todos os tempos”, ou
- “Liste solos memoráveis de guitarristas no rock”, ou
- “bateristas e baixistas com mais groove no rock”
Certamente o resultado trouxe ótimas bandas e artistas. Mas você vai perceber que a proporção de pessoas negras, com deficiência, LGBTQIA+ e mulheres nas respostas é desproporcionalmente menor.
Apesar da influência da música negra para seu surgimento, como o blues e o R&B, desde o início o rock se tornou um espaço dominado por artistas brancos. Do mesmo modo os ícones do rock, como Elvis Presley, The Beatles, The Rolling Stones e Led Zeppelin, eram predominantemente homens. Também é impossível ignorar a invisibilidade das pessoas com deficiência, pessoas de diferentes etnias, mulheres, assim como a pouca presença de pessoas LGBTQIA+, que eram comumente abafadas e reprimidas.
Por que isso acontece?
Por uma série de questões sociais, culturais e econômicas que, assim como em outras áreas da sociedade, a história do rock é repleta de discriminação, preconceito e oportunidades desiguais dentro do sistema que nós vivemos. Ao perceber isso, também notamos o quanto perdemos como sociedade durante anos, por não valorizar a diversidade entre artistas. E o quanto a atitude inclusiva de cada pessoa poderia ter contribuído para enriquecer o “rock” e torná-lo ainda mais incrível e apaixonante.
Por isso, no dia do rock (e demais dias do ano) é importante exaltar as contribuições de artistas que enfrentaram resistências, críticas e preconceitos para hoje termos nossas playlists com timbres, arranjos e vozes mais diversas.
Dentre as mulheres precursoras do rock, vale citar:
- Joan Jett, uma das pioneiras, que enfrentou rejeição de várias gravadoras antes de formar sua própria banda, The Runaways;
- A vocalista do Blondie, Debbie Harry e Chrissie Hynde, vocalista do Pretenders, que também sofreram desafios semelhantes;
- E a mãe do rock, Sister Rosetta Tharpe, cantora negra gospel americana que poucas pessoas sabem que a ela é atribuída a origem do rock.
Felizmente, ao longo das décadas, as mulheres têm gradualmente conquistado seu espaço no mundo do rock liderando bandas, como:
- No Doubt;
- Garbage;
- Paramore;
- Kid Abelha;
- Evanescence.
E, também, de maneira solo como:
- Janis Joplin;
- Rita Lee;
- Cássia Eller;
- Pitty;
- Alanis Morissette;
- entre outras.
Dentre artistas negros/as precursores/as podemos citar:
- Chuck Berry, Little Richard, Otis Blackwell, Big Mama Thornton e a já mencionada Sister Rosetta Tharpe, que muitas vezes não tiveram o devido reconhecimento, com suas músicas frequentemente reinterpretadas e popularizadas por músicos brancos.
E, embora tenham surgido bandas e artistas negros e negras, como:
- Jimi Hendrix;
- Tina Turner;
- Living Colour;
- Prince;
- Lenny Kravitz.
… a presença de pessoas negras no mainstream do rock ainda é pequena.
Dentre as pessoas LGBTQIA+ temos figuras emblemáticas como:
- Freddie Mercury (Queen);
- Rob Halford (Judas Priest);
- Elton John;
- David Bowie;
- Cazuza;
- Cássia Eller;
- Melissa Etheridge.
Pessoas que desafiaram estereótipos de gênero e sexualidade, tornando-se ícones. Novas gerações vêm surgindo, mas na história percebe-se a sub-representação de homens e mulheres trans em bandas de rock.
Dentre as pessoas com deficiência, temos exemplos em bandas clássicas:
- Def Leppard, com o baterista Rick Allen que tem uma amputação de braço;
- Black Sabbath, com o guitarrista Tony Iommi, que usa próteses em dois dedos;
- Paralamas do Sucesso, com o Herbert Vianna, que tem paraplegia.
Mas a lista não para aí:
- Ian Dury, cantor britânico que tem síndrome pós-pólio,
- Jason Becker, guitarrista que foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica (ELA) aos 20 anos, e por aí vai…
Portanto, ao celebrar a história do rock é fundamental que continuemos a apoiar e amplificar todas essas vozes, contribuições e sons no rock. Veja que a ideia não é deixar de ouvir bandas de homens, cisgêneros, heterossexuais, brancos sem deficiência (que nós também curtimos), mas ampliar o repertório com mais diversidade.
Somente através de uma mudança coletiva de mentalidade e esforços contínuos para desafiar as normas estabelecidas, poderemos construir um futuro onde todas as pessoas sejam verdadeiramente valorizadas e respeitadas.
É isso aí! Viva o rock e viva a diversidade! Nós já estamos na pilha para ouvir mais diversidade no rock e em todos gêneros musicais. E você? Gostaria de indicar uns sons para a nossa playlist?