1º de abril e as mentiras sobre acessibilidade

1º de abril e as mentiras sobre acessibilidade

Decidimos aproveitar o dia internacional da mentira (1º de abril) para revelar 6 mentiras que contam por aí sobre acessibilidade e explicar porque você não deve acreditar nelas.

Aproveitamos o “primeiro de abril” para resgatar uma entrevista sobre os 6 mitos da Acessibilidade que demos após uma palestra em um Café com Talento, evento promovido pela Catho (se não nos falha a memória em 2019) para uma turma super interessada de profissionais de RH.

Separamos alguns trechos para você! Nossa ideia é mostrar que essas ideias equivocadas sobre o tema não têm sentido e trazer contrapontos e reflexões para que esses “mitos” sejam confrontados e derrubados. 

Vamos aos mitos:

MITO 1. A acessibilidade envolve apenas o que é físico ou arquitetônico.

Você imagina uma rampa, corrimãos ou elevadores quando pensa em “democratizar” o acesso? Essa atitude não está equivocada, mas há muitas coisas deixadas de lado.

Existem sete dimensões de acessibilidade. A primeira e mais lembrada é a arquitetônica, que envolve a eliminação de barreiras físicas. Mas há ainda a comunicacional, que diz respeito aos obstáculos na comunicação; a metodológico, sobre as barreiras em métodos e técnicas para realizar tarefas; a instrumental, na qual os instrumentos, ferramentas e utensílios são adaptados; e a programática, que abrange políticas públicas, legislações e normas.

Todas as possibilidades para essas seis dimensões dependem, na verdade, do mais importante deles: o atitudinal. Como o próprio nome sugere, ele implica numa mudança de atitude por parte das pessoas, eliminando preconceitos, discriminação e estereótipos contra aqueles que têm algum tipo de deficiência. 

MITO 2. A acessibilidade é cara.

Diversas empresas e pessoas em geral têm o hábito de dizer que a preocupação com um acesso mais democrático para seus funcionários é muito custosa e, portanto, inviável. “Na verdade, ela fica cara quando você cria, constrói ou reforma sem prevê-la antes”, explica Aline. “Mas se o seu planejamento ou projeto, você já fizer com acessibilidade, já oferecer e pensar sobre ela, o custo é minimizado e o impacto é muito menor”, diz ela.

Com a chamada “adaptação razoável”, a qual engloba materiais e soluções mínimas para facilitar o acesso dos funcionários, é possível conseguir alternativas a baixo custo que não acarretam reformas drásticas – algo interessante especialmente àquelas empresas locatárias de imóveis que não possuem autorização dos proprietários para realizar grandes obras.

Exemplos que desconstroem o mito do alto custo da acessibilidade são os softwares open source. Eles permitem, por exemplo, às pessoas com deficiência visual o uso do computador. “A acessibilidade não é algo complicado. Ela só precisa ser pensada. Preocupar-se com isso é o primeiro passo a ser resolvido”, conclui Aline.

MITO 3. A acessibilidade deve ser uma preocupação apenas quando há funcionários com deficiência.

“Os ambientes naturalmente se tornam melhores para todas as pessoas”, explica. Aline conta que a questão da ergonomia, uma das primeiras preocupações em relação à acessibilidade, acaba impactando positivamente a saúde de todos os trabalhadores. 

“Em um ambiente acessível, você elimina barreiras e ele se torna naturalmente mais organizado e orgânico, menos complexo”, explica Rafael. Essas consequências acabam beneficiando todos os funcionários que utilizam um mesmo espaço.

Além disso, são melhorias sutis, mas palpáveis. “Um ambiente que recebe profissionais com deficiência, que é mais flexível e entende a diversidade humana, torna-se um ambiente melhor para qualquer profissional. São benefícios indiretos, que não são percebidos logo de cara, mas que, a longo prazo, tornam o ambiente de trabalho mais saudável”, resume Aline.

MITO 4. O objetivo de tornar um ambiente acessível se limita ao cumprimento de normas.

Há algumas normas que determinam a instalação ou adaptação de recursos para tornar os espaços de uma empresa mais transitáveis e compreensíveis, mas as vantagens de atender a essas regras vão muito além de evitar multas. 

Rever a forma como as coisas têm sido feitas “desde sempre” numa companhia acaba gerando outro resultado. Um exemplo é a adaptação de textos e outros materiais para uma linguagem mais fácil, clara e objetiva, com menos “juridiquês”. Essa medida pode ser pensada inicialmente para os funcionários com alguma deficiência intelectual ou cognitiva, mas traz vantagens a todos. “Facilita para os profissionais que têm alguma deficiência intelectual, sim. Mas é só para eles?”, questiona Aline.

Abrir a empresa para funcionários de realidades diferentes traz também uma vantagem muito buscada no mundo dos negócios: a inovação. “Se não há diversidade, se todo mundo pensa igual, se veste igual, aí você não sai do lugar”, diz Rafael. “Uma hora ou outra a empresa vai sentir isso, porque ela vai precisar daquela ideia diferente”, conclui

MITO 5. A acessibilidade deve ser uma preocupação apenas para o departamento de Recursos Humanos.

Aline e Rafael concordam que a área de Recursos Humanos de uma empresa deve estimular a atenção e o cuidado com a acessibilidade, mas essa tarefa é de todos os funcionários. É essencial que a repartição busque ajuda e não tente fazer tudo sozinho, envolvendo os diferentes departamentos e competências e recrutando possíveis interessados em participar.

Ter um RH mais proativo do que reativo não é uma tarefa fácil, mas faz toda a diferença. “Será preciso desenvolver um programa, botar num papel e apresentar para as áreas decisoras”, diz Rafael.

MITO 6. A acessibilidade pode ser implementada sem planejamento.

Se há quem acredita que a acessibilidade é cara ou complicada, há também quem veja a implementação do acesso universal como uma tarefa tão simples que é só “sair fazendo”, sem elaborar um plano de ação. “O planejamento é fundamental, não adianta fazer ações soltas”, alerta Aline.

Rafael aconselha levantar o que a empresa já coloca em prática e categorizar tais ações para, em seguida, desenvolver um sistema inteligente de acessibilidade e gestão inclusiva. 

Essas recomendações vêm muito ao encontro da metodologia SMART, que você pode ver em nosso ebook Inclusão: políticas de inclusão, programas e comunicação para o engajamento (download gratuito)

É preciso ter em mente também que essa metodologia talvez implique em mudanças na cultura de uma companhia, o que pode, por sua vez, gerar desafios. Mas levando em conta os benefícios futuros, será possível realizá-lo até o fim. “Não é uma coisa que você soluciona do dia para a noite, vai ser uma construção. Uma transformação cultural é um processo dentro da empresa”, conclui Aline.

Entrevista completa em: https://paraempresas.catho.com.br/6-mitos-sobre-a-acessibilidade-que-voce-e-sua-empresa-devem-repensar/